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Sporting e Sp. Braga aproveitam limitações dos rivais para se apurar para a final da Taça da Liga

 


Está encontrada a final da Taça da Liga: Sporting e Sp. Braga eliminaram, respectivamente, FC Porto e Benfica nas meias-finais da final-four.

Alheias às limitações, quase na totalidade impostas pelo coronavírus, dos seus opositores, quer leões, quer arsenalistas aproveitaram para responder com onzes iniciais muito próximos do habitual, uma estratégia que fazia sentido para cavar um fosso de ritmo competitivo.

Jovane Cabral prolonga maldição dos dragões na competição

No caso do Sporting, porém, isso acabou por não resultar como se antevia. Esperava-se um jogo complicado para os dragões, privados de elementos importantes como Sérgio Oliveira, Otávio, Luís Díaz ou Taremi, mas os verdes e brancos não tiveram uma entrada forte em jogo, sendo dominados perante uma abordagem confiante dos portistas.

Sérgio Conceição optou por utilizar quase todos os habituais titulares disponíveis (Pepe, Mbemba, Zaidu, Uribe, Corona e Marega), deixando apenas de fora Marchesín (Diogo Costa é o guarda-redes das Taças) e um lateral-direito de raíz (Nanú tem sido o escolhido perante a ausência de Manafá, acabado de regressar às opções), tentando mitigar diferenças perante um adversário apenas sem os efectivos Neto e Nuno Mendes, além do trunfo Sporar.

Se a estratégia sportinguista fazia todo o sentido, acredito que os portistas beneficiariam, a título excepcional, de uma rotatividade total, perante a menor importância da competição e o elevado risco de derrota que corriam em face do enfraquecimento da convocatória, podendo depois, em caso de passagem à final, aí sim apostar todas as fichas, com a maioria dos jogadores no auge da sua frescura física.

Tal não foi o entendimento do treinador azul e branco que, perante a excelente resposta do colectivo, com destaque para Felipe Anderson (foi o criativo que a equipa precisava, impressionando sobretudo pelo compromisso defensivo), teve ocasiões de golo suficientes para chegar ao intervalo em vantagem,

O Sporting foi melhorando no decorrer dos minutos, não deixando de construir algumas jogadas perigosas, sobretudo em contra-ataques que passavam, invariavelmente, pelos pés de Pedro Gonçalves.

Na etapa complementar, uma natural quebra de ritmo fez com o jogo, que já não estava muito atractivo, a baixar de qualidade a todos os níveis, mas uma jogada individual de Marega, numa aceleração finalizada de forma atabalhoada mas eficaz, deu ao FCP uma vantagem que parecia decisiva, pela relativa inércia leonina e pela capacidade que os dragões costumam revelar quando baixam o bloco defensivo.

Eis que Rúben Amorim lançou Jovane Cabral, pouco utilizado desde que (em Janeiro) regressou aos relvados, mas o cabo-verdiano foi o agitador que contagiou a equipa num assalto final à baliza adversária, aproveitando o espaço concedido pelos azuis e brancos para finalizar com uma perícia clínica: primeiro em arco, após ressalto, depois entre o "bico" e a trivela, na sequência de uma arrancada explosiva do próprio.

E mais uma vez o FC Porto fica a pensar que a aleatoriedade do jogo nunca lhe sorri nas decisões da Taça da Liga, mas a verdade é que cada caminhada teve a sua história.

Depois do cinismo no campeonato, Sp. Braga taco-a-taco na final-four

Apesar de muitos considerarem que os bracarenses dispõem de individualidades ao nível de FC Porto, Benfica e (sobretudo) Sporting, há algumas posições no terreno em que o diferencial de qualidade ainda lhes é desfavorável para todos os "grandes".

Isso não desvaloriza o clube, pelo contrário, enfatiza o tremendo trabalho que têm feito, sendo certo que os guerreiros do Minho esbatem, a cada época que passa, um pouco mais esta diferença.

Neste jogo, Carlos Carvalhal nem precisou de forçar a utilização de Paulinho, sua principal figura, para impor o seu ataque posicional em vários momentos do jogo, chegando mesmo à vantagem por parte de quem o substituiu: Abel Ruiz, concluindo com um cabeceamento subtil, um excelente cruzamento de Ricardo Horta. Este último foi o verdadeiro impulsionador ofensivo da equipa, ele que quando inspirado leva a equipa para um patamar qualitativo superior. 

As águias abriram a segunda parte, empatando de grande penalidade, por Pizzi, e com maior agressividade na pressão e circulação, pareciam determinadas a dar a volta completa ao marcador. Após um par de oportunidades desperdiçadas, os arsenalistas retomaram o controlo do jogo, dominando mesmo grande parte do que restava no mesmo. Destemidos, viram o seu empreendedorismo premiado com mais um cruzamento perfeito de Ricardo Horta, com o desvio a surgir novamente de cabeça, desta vez por Tormena, que fugiu a Todibo e redimiu-se da grande penalidade cometida anteriormente.

O mais velho dos irmãos Horta poderia mesmo ter completado o hat-trick de assistências se Fransérgio não estivesse adiantado no momento em que Ricardo solicitou a sua desmarcação, movimento que é característico deste versátil brasileiro. Foi um dos lances em que o Sp. Braga poderia ter "matado" o jogo, algo que parecia mais provável do que de um golo encarnado que levasse o jogo para prolongamento. Mas, tal como a outra meia-final provou, no futebol como na vida não há impossíveis...

Desta feita a vitória foi conservada e, em grande estilo, o Braga medirá forças como o outro Sporting pela... revalidação do título que... Rúben Amorim ajudou a conquistar na época passada!