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FC Porto inconstante em início de época desgastante

O FC Porto chega a Novembro numa situação pontual complicada para o principal objectivo da época.

É certo que estamos apenas na 6.ª jornada e os dragões, ainda na época passada, ultrapassaram uma desvantagem pontual considerável para se sagrar campeões nacionais, mas não deixa de ser relevante.

Em primeiro lugar, porque são dois os adversários à sua frente mas, mais do que isso, pela inconsistência exibicional que tem marcado o trajecto da equipa na liga.

Há que admitir que os sorteios ditaram um início de época muitíssimo complicado, pela sequência de jogos a cada três ou quatro dias, mas também pela sequência de adversários de elevado grau de dificuldade teórica.

Na Liga dos Campeões, a equipa não tem defraudado as expectativas, com uma exibição "personalizada" em casa do Manchester City e uma vitória relativamente segura na recepção ao rival directo Olympiacos.

Paradoxalmente, das seis partidas que disputou até agora no campeonato, o FC Porto nunca conseguiu manter o rendimento ao longo dos 90 minutos, mesmo nas que venceu: frente ao Sporting de Braga, em casa do Boavista e na recepção ao Gil Vicente.


Que razões para as flutuações exibicionais?

Mais do que as saídas de Alex Telles (principalmente) e Danilo Pereira, creio que esta heterogeneidade se deve, sobretudo, à estagnação da ideia de jogo preconizada por Sérgio Conceição e às constantes mudanças no onze inicial.

Ponto prévio: sou adepto da rotatividade como forma de manter todo um plantel com elevados índices físicos e de motivação, além da nuance estratégica que isso permite, na abordagem a cada jogo.

Essa gestão deve basear-se nas características dos jogadores no sentido de contrariar as forças e explorar as fraquezas específicas do adversário. No entanto, é fundamental que seja feita de uma forma criteriosa, em quantidade e qualidade, estimulando a meritocracia.

Percebo quando os treinadores se suportam no treino para a tomada de decisão relativa ao onze e convocatória mas, salvo casos de notória falta de empenho, acredito que são os jogos (anteriores) que devem prevalecer nessa avaliação. Recordo-me que, no passado dos azuis e brancos, um jogador como Ricardo Carvalho era veiculado como não sendo um dos centrais que mais se destacava nos treinos, mas era um imprescindível como titular habitual no eixo defensivo de José Mourinho.


Possíveis soluções para evoluir

Nesse sentido, e não nos focando nas decisões tomadas no defeso (a contratação de Carraça continua por justificar no contexto da equipa), jogadores como Sarr, Baró ou Taremi, justificavam uma maior utilização na equipa, pelo rendimento evidenciado nos poucos minutos de competição.

Olhando por sectores, penso que uma defesa a três seria mais ajustada às características dos centrais portistas que, desde a saída de Danilo Pereira, não contam com um pivô à sua frente (o único resistente no plantel, Mamadou Loum, não tem qualquer minuto de utilização até ao momento), mas antes a dupla de médios-centro Sérgio Oliveira e Uribe, descendo alternadamente.

Neste jogo em Paços de Ferreira, Grujic mostrou argumentos para competir com o português pelo lugar, mas dificilmente juntar-se a outros dois box-to-box, não esquecendo o jogador que dá mais fluidez ao meio-campo: Romário Baró.

Na posição 10, há várias opções, desde o versátil Otávio Monteiro (mais forte tacticamente) ao mais criativo Fábio Vieira, passando pelo mais inteligente: Nakajima. Os dois últimos jogaram em simultâneo na recepção aos gilistas, numa associação interessante que foi crescendo ao longo do jogo.

Voltando à defesa, um trio com Sarr e/ou Diogo Leite ao lado de Pepe e/ou Mbemba (o luso-brasileiro é um verdadeiro pronto-socorro, mas a sua utilização deveria ser gerida) permitiria proteger as fragilidades de Zaidu, explorando melhor as potencialidades ofensivas do nigeriano e, no flanco oposto, de Corona, Manafá ou Nanú.

No ataque, a falta de um verdadeiro 9 goleador, seria compensada com uma dupla, com vantagem para o completo iraniano, ao lado de Marega ou Evanílson.

Este seria um esboço estrutural que poderia servir de orientação para definir a espinha dorsal para a equipa, não dispensando um sistema alternativo variante do 4-3-3 ou 4-4-2.


De volta ao Dragão para duplo desafio

Os próximos compromissos em casa, frente ao Marselha na Champions e diante do Portimonense para o campeonato, são decisivos não tanto quanto à classificação nas respectivas provas, mas fundamentalmente para que a equipa descubra a melhor versão de si mesma.