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Selecção Nacional: qual o melhor caminho para o nosso futebol?


Depois de uma memorável participação no Euro 2016, coroada com a conquista do troféu, pareceu óbvio a (quase) todos que deveríamos seguir nesse caminho futebolístico, um pragmatismo resultadista que, confesso, terá sido muito benéfico para levar Portugal para outro patamar: de Selecção que ataca com uma “sobranceria” ingénua - com um jogo atractivo mas fraquejando em momentos decisivos -, para uma que joga “bem” no sentido técnico-táctico, que não só tem a capacidade de desequilibrar como de… se manter equilibrada e, por isso, está mais perto de vencer competições.

Foi ainda respirando esse êxito que a selecção abordou o Mundial 2018, mas com o decorrer do torneio foi-se percebendo que não houve evolução no processo de jogo da equipa. Um encantamento inicial deu lugar à realidade: aquela forma de jogar não podia ter sucesso uma segunda vez. Não sem aproximar esse “pragmatismo” à essência de jogo que está na nossa génese. Nessa altura defendi que estava esgotado o ciclo de Fernando Santos ao leme dos nossos destinos, não pelo cliché dos resultados negativos – de todo, até porque não é escandaloso ser eliminado nos oitavos-de-final, muito menos pela “raposa” táctica uruguaia – mas porque sentia que precisávamos de uma nova fórmula: resgatar o futebol “bonito” mas com a inteligência de aproveitar tudo que de bom foi feito até àquele momento.

Com a recente participação - com nova vitória - na primeira Liga das Nações parecia, de repente, que o tínhamos conseguido sem mudar de seleccionador. Mas as dúvidas “existenciais” do nosso jogo estavam lá… e mantêm-se até agora.

Na zona nevrálgica do terreno, o duplo-pivô, que pode ser uma boa ideia para controlar um jogo com (William) e sem bola (Danilo) em fases de “gestão” activa, como que “engasga” o início de construção da equipa quando começa com os dois em simultâneo.

Pensando em voltar a um único trinco, há que olhar para a posição “8”, em que André Gomes, João Mário, Renato Sanches, Adrien Silva, etc., estão à procura da sua melhor forma. Rúben Neves parece ser aquele que melhor complementa Danilo e menos destoa das características de William, qualquer que seja a opção na “casa” 6, portanto.

Uns passos mais à frente, Bruno Fernandes deve ser pouco menos do que indiscutível, o cérebro técnico-táctico. E Bernardo Silva, génio da posse e do passe, tem de aparecer muito mais no corredor central – mesmo que partindo do flanco direito – para se associar com Bruno na construção e definir no último passe ou finalização.

A partir daqui, é só adoptar o sistema que abarca os melhores jogadores nas suas posições preferenciais, leia-se zonas do relvado de onde olham para o jogo para depois se movimentar, dentro da dinâmica colectiva.

Sem isto, até podemos ganhar – jogos e competições – mas dificilmente veremos a melhor versão de nós próprios.